
Futebol de Formação
No futebol de formação existe uma diferença entre a exigência que deve ser feita a uma criança, e o verdadeiro interesse daqueles que o rodeia. Feita, pelos familiares e treinadores de formação, no seu processo de ensino.
Nos tempos que correm, a nossa sociedade é cada vez mais o resultado das suas ações. Com elas vai-se influenciando as ações dos jovens muitas vezes sem que se aperceba disso, mais concretamente, neste artigo, no futebol de formação em Portugal.
No futebol de formação a prioridade do treinador deve ser dar ao jovem atleta o maior número de ferramentas. Proporcionando assim um crescimento sustentado sem queimar etapas de crescimento, seja como atleta ou pessoa.
O treinador deve ter a noção de que, no processo de ensino, existe cada vez mais uma influência pelo reconhecimento “numérico”, resultante das suas prestações individuais, enquanto treinador, e as do grupo.
Hoje as escolhas dos treinadores/educadores são feitas tendo em conta as suas metas e a prestação do grupo para a concretização do objetivo final. Assim sendo, as grandes necessidades do atleta, e a sua formação, deixam de ser uma das grandes prioridades designadas. O que, com isto, torna este tipo de postura deontologicamente incorreta.
Hoje os treinadores, e até os familiares, têm uma maior preocupação em incutir aos jovens que os valores das suas ações dependem dos resultados pontuais. Ou seja, para a ação ser boa o resultado da equipa tem de ser positivo. Estando assim, desta forma, a influenciar o jovem a comportamentos que o levarão a consequências que não serão as melhores.
Cada dia que passa assistimos ao crescimento de uma sociedade desportiva, como é lógico, alicerçada a um tendência social em que as suas prioridades, são o reconhecimento individual e a obsessão pela vitória como produto final. Esquece assim, por completo, as grandes necessidades dos jovens, como por exemplo, as suas bases que concerne ao seu processo de ensino de forma a serem as mais adequadas e com as mesmas formar jovens com bons valores desportivos e sociais.
O treinador/educador tem, na minha opinião, um papel importante na educação/formação desportiva e social do jovem atleta.

Deve assim, o mesmo, estar consciente que com as suas atitudes, se as mesmas forem baseadas na sua necessidade de atingir o sucesso, pode influenciar o seu comportamento de forma negativa acabando por dar prioridade aos seus objetivos, bem como as suas prioridades em detrimento da educação/formação do jovem atleta.
Com isto, quero dizer que o treinador/educador não pode deixar-se confundir/influenciar pelo resultado final ou pressões externas, deixando assim de atuar com o objetivo de incutir nos jovens boas práticas.
Cabe ao treinador/educador consciencializar o jovem atleta que os valores éticos e morais devem ser sempre uma prioridade e não colocar os seus objetivos, que embora legítimos, à frente do processo de formação de uma criança.
Muitas vezes o treinador até é um treinador competente, e com muito conhecimento, mas a obsessão em atingir os seus objetivos tira-lhe o discernimento para formar os jovens, não só do ponto de vista desportivo como social, acabando por não lhes transmitir valores importantes para os jovens atletas. Cometendo, por vezes, o erro de os encaminhar para uma formação baseada em valores “resultadistas” e que em nada se relacionam com a formação/educação do jovem atleta.
Autor: Mário Nelson
